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01/04/2024 – 18:47:19

Redação

Esse é um tema que sempre gera um amplo debate, principalmente entre historiadores: qual a data do golpe de Estado que instaurou a ditadura militar no Brasil? Segundo o historiador Daniel Reis, da Universidade Federal Fluminense (UFF), ainda que o golpe tenha sido consolidado no dia 01 de abril, seu início, de fato, é na madrugada do dia 31 de março de 1964. Para a historiadora Janaína Cordeiro, também da UFF, a polêmica é falsa, uma vez que o golpe realmente teve início em 31 de março e que o 01 de abril sendo o dia da mentira, foi utilizado como estratégia de luta democrática, apresentando ao país a mentira contada pelos militares para salvar o Brasil de uma possível revolução comunista.

O movimento armado que tinha como objetivo tomar o Rio de Janeiro, invadir o palácio do Ministério da Guerra e depor o presidente João Goulart teve início na madrugada do dia 31 de março e foi comandado pelo general Olímpio Mourão Filho, autor do famoso Plano Cohen, que foi utilizado para justificar o golpe de Estado em 1937. Os primeiros movimentos, por volta de duas horas da madrugada do dia 31 de março foram marcados pela saída das tropas de infantaria da 4ª Região, em Juiz de Fora, Minas Gerais. Horas depois, o comandante do 2º Exército, em São Paulo, aderiu à ação e ordenou que suas tropas se dirigissem ao Rio de Janeiro.

Golpe ou Revolução?

Os militares sempre chamaram o Golpe Militar de “Revolução de 64” ou “Contrarrevolução de 64”, pois nessa narrativa, era um movimento contrário à Revolução Comunista que estava sendo orquestrada dentro do país para instalar uma ditadura de Goulart enquanto presidente. O cenário piorou quando o então presidente fez uma viagem à China e falava abertamente à Nação sobre as reformas de base de que o país precisava, entre elas, a reforma agrária.

A definição de Golpe de Estado é aquele movimento realizado contra uma Constituição, que ocorre por meio de um movimento político e violento, uma ação radical contra uma ordem vigente. Revolução, por outro lado, pressupõe transformações positivas na economia, na sociedade, na cultura e em outros campos. Essas modificações ocorreram na Rússia, na França, nos Estados Unidos, mas não no Brasil. A deposição de João Goulart atentou contra a ordem vigente e contra uma Constituição da República e, embora violenta, não houve derramamento de sangue (durante o ato do golpe) apenas porque Goulart e a esquerda se renderam sem confronto.

O derramamento de sangue ocorreu e foi mundialmente denunciado durante o período ditatorial de 21 anos, com torturas e assassinados, com pessoas desaparecidas e que até hoje não tiveram seus restos mortais localizados e devidamente sepultados. A Comissão Nacional da Verdade reconheceu 191 assassinatos e 243 desparecidos, totalizando 434 pessoas. Um relatório independente da ONG Human Rights Watch apontou que pelo menos 20 mil pessoas foram torturadas pelos militares em todo o país.