01/10/2024 – 12:02:11
Redação
A chapa formada por Celso Góes, e sua vice, Janaína Naumann, estão no centro de graves denúncias de abuso de poder e captação ilícita de votos. As denúncias, formalizadas junto à Justiça Eleitoral, demonstram um suposto esquema de utilização da máquina pública e coação de servidores para garantir a reeleição de Góes, além de práticas de compra de votos por meio de chantagens com eleitores.
Segundo a denúncia, o prefeito e sua equipe estariam utilizando servidores comissionados e beneficiários de funções gratificadas para atuar diretamente na campanha, violando a legislação eleitoral. Servidores públicos estariam sendo pressionados a participar da campanha, sob a ameaça de exonerações e perda de benefícios caso se recusassem.
“O comportamento de Celso Góes é um desrespeito não só aos adversários políticos, mas também ao eleitor, que merece transparência e respeito às regras do jogo. Manobras como essa precisam ser desmascaradas e rejeitadas”, explicou o jurista Luiz Eduardo Peccinin.
Um dos casos mais emblemáticos é o de um ex-servidor municipal, que relata ter sido coagido pelo ex-vereador e comissionado da atual gestão, Valdomiro Batista, conhecido como Jabur do Motocross. De acordo com o ex-servidor, Jabur o pressionou a colar adesivos de campanha em sua casa e carro. Após não atender imediatamente aos pedidos, ele foi exonerado de sua função gratificada, tomando conhecimento da decisão apenas ao consultar o Diário Oficial, sem qualquer aviso prévio.
Em uma troca de mensagens, Jabur confirmou que a exoneração foi de cunho político e afirmou que o ex-servidor só recuperaria o benefício se “vestisse a camisa do homem”, referindo-se à campanha de Celso Góes. Essa prática, além de antiética, caracteriza um caso claro de compra de votos, sendo também uma violação direta das leis eleitorais.
Esquema de compra de votos e chantagens com serviços públicos
Além da coação de servidores, o esquema denunciado vai além. Em um vídeo amplamente divulgado nas redes sociais, Jabur é flagrado negociando votos com uma eleitora, prometendo a liberação de água para sua casa em troca de apoio à campanha de Celso Góes. A eleitora teria sido orientada a colocar propagandas do prefeito em sua residência como contrapartida pela promessa de acesso ao serviço de água, que é um dos principais problemas enfrentados pela população guarapuavana.
A falta de água, um problema recorrente em várias áreas da cidade, está sendo utilizada como moeda de troca para garantir votos, conforme aponta a denúncia. Essa prática é uma violação do art. 41-A da Lei Eleitoral, que define a captação ilícita de sufrágio como uma tentativa de obter votos em troca de bens ou serviços.
No vídeo, Jabur sugere à eleitora que, após a eleição, ela poderia ir diretamente ao gabinete do prefeito para cobrar a liberação do serviço, caso apoiasse a campanha de Góes. A promessa implícita de trocar o voto pelo acesso a um serviço básico como água agrava ainda mais o quadro de irregularidades e reforça as acusações de abuso de poder político.
Impacto político e reações
As denúncias levantadas contra Celso Góes e Janaína Naumann já movimentam o cenário eleitoral local, com pedidos de cassação das candidaturas sendo apresentados à Justiça Eleitoral. A acusação argumenta que as ações relatadas são graves o suficiente para comprometer a legitimidade da campanha dos investigados, pedindo a imediata anulação de suas candidaturas e sanções, como inelegibilidade e multas.
“A ação contra Celso Góes revela uma série de irregularidades que não podem ser ignoradas. O que está em jogo não é apenas a eleição, mas a lisura do processo democrático”, alertou Luiz Eduardo.
Casos similares em outras localidades já levaram a punições severas, com a Justiça Eleitoral reconhecendo o uso da máquina pública e a compra de votos como práticas ilegais que minam a integridade das eleições. Em Guarapuava, a expectativa de toda população é que a Justiça aja com rigor para garantir a lisura do processo eleitoral.
Abuso de poder e chantagem no coração da campanha
O cenário político em Guarapuava se agrava com a revelação de que essas práticas irregulares não são isoladas. Segundo fontes próximas ao processo, os comissionados da Prefeitura também estariam sendo convocados a atuar na campanha de reeleição de Góes por meio de grupos de WhatsApp, criados e organizados por membros da administração municipal, como a Secretária Municipal de Obras, Jacqueline Satiko.
Esse tipo de pressão sobre servidores públicos não só infringe a legislação eleitoral, mas também cria um ambiente de medo e chantagem entre os funcionários da Prefeitura, que temem perder seus empregos ou benefícios caso não participem ativamente da campanha política.
A resposta da Justiça Eleitoral
Com a gravidade das acusações e as evidências apresentadas, como o vídeo de Jabur negociando votos e a exoneração de servidores comissionados, a Justiça Eleitoral agora tem a responsabilidade de agir para preservar a integridade do pleito em Guarapuava. As práticas denunciadas, se confirmadas, configuram um uso indevido do poder público para manipular eleitores e garantir a permanência de Celso Góes e Janaína Naumann no comando do município.
Para muitos, essa denúncia representa um clamor por ética e transparência na política local. A cidade de Guarapuava, conhecida por sua história e importância regional, está agora no centro de uma crise que expõe práticas antidemocráticas e prejudiciais à confiança pública nas instituições governamentais.