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Emenda ao orçamento evidencia abandono de Academias da Terceira Idade em Guarapuava

Pedido de investimento destaca caso emblemático na ATI da Rua Wenceslau Braz, no bairro Morro Alto, cujos equipamentos estão inutilizáveis

Foto: Redação

22/11/2024 – 10:48:37

10:48:40

Uma emenda aditiva ao Projeto de Lei 65/2024, que trata sobre o orçamento municipal para o próximo ano, está evidenciando o abandono das Academias da Terceira Idade (ATIs) em Guarapuava. A proposta, protocolada pela vereadora Prof.ª Bia (PV), destina R$ 1 milhão para revitalizar esses espaços, que, segundo ela, estão em condições alarmantes de abandono devido à inércia do Poder Executivo.

A vereadora foi enfática ao expor o descaso com os direitos básicos da população idosa, garantidos pelo Estatuto da Pessoa Idosa (Lei 10.741/2003). Apesar de incontáveis pedidos ao Executivo ao longo de quatro anos, as respostas limitam-se a desculpas sobre “processos licitatórios” nunca concluídos. Enquanto isso, os equipamentos deteriorados continuam inutilizáveis, colocando em risco a segurança e a saúde dos idosos que dependem dessas estruturas.

“O orçamento de Guarapuava para 2024 é de R$ 755 milhões, mas nem mesmo uma fração desse valor tem sido destinada para garantir estruturas dignas nos bairros. Isso é um retrato de falta de planejamento e, acima de tudo, de comprometimento com quem já contribuiu por toda uma vida para a construção da nossa cidade”, declarou a vereadora.

A precariedade das ATIs

Dos 20 espaços destinados à prática esportiva de idosos no município, a maioria encontra-se em estado de abandono, conforme levantado em estudo pela parlamentar. Um caso emblemático é a ATI da Rua Wenceslau Braz, no bairro Morro Alto, cujos equipamentos estão inutilizáveis. Segundo a vereadora, a única intervenção realizada é a limpeza esporádica, a pedido da SURG (Serviço de Urbanização de Guarapuava), o que é insuficiente diante da degradação completa das estruturas.

A falta de manutenção dessas academias reflete não apenas uma negligência administrativa, mas também um desrespeito aos idosos que, além de enfrentarem desafios físicos e emocionais próprios da idade, agora lidam com a exclusão de espaços públicos projetados para atendê-los.

Impactos sociais e de saúde

A vereadora destacou os dados alarmantes da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (ABRAMEDE): em 2023, mais de 960 idosos foram hospitalizados por tentativas de autolesão, com uma média de 8 suicídios a cada 100 mil idosos. Esses números revelam uma crise silenciosa que poderia ser mitigada com políticas públicas preventivas, incluindo a promoção de atividades físicas e sociais.

“A prática esportiva é um direito e uma necessidade. Ela não só melhora a saúde física, mas também combate a depressão, a ansiedade e a exclusão social. Manter essas academias abandonadas é praticamente condenar nossos idosos a uma vida de isolamento e problemas de saúde evitáveis”, afirmou Prof.ª Bia.

Reorganização de prioridades no orçamento

A emenda propõe um remanejamento orçamentário para viabilizar os recursos necessários. O valor será retirado de duas despesas da Secretaria Municipal de Viação, Obras e Serviços Urbanos, sendo R$ 500 mil de serviços de terceiros e outros R$ 500 mil de materiais de consumo. A proposta não aumenta o orçamento, mas questiona a falta de priorização das demandas essenciais.

“Como justificar a falta de recursos para equipamentos esportivos enquanto há sobra para áreas que poderiam operar com menos? Trata-se de uma inversão de prioridades, que prejudica diretamente uma população vulnerável”, pontuou Prof.ª Bia.

Omissão

A vereadora concluiu reforçando que não basta construir grandes obras, como o Centro do Idoso, enquanto os bairros permanecem desassistidos. “Os idosos não vivem no Centro do Idoso; eles vivem nos bairros, nas comunidades. É lá que precisamos investir. A omissão do Executivo é inadmissível”, finalizou.

A proposta agora depende da aprovação dos vereadores, que deverão votar as emendas, e a LOA (Lei Orçamentária Anual) em breve na Câmara Municipal.

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