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Inovação é sobre pessoas, não sobre tecnologia

Entre as principais atrações do WinterShow 2019, Arthur Igreja ministrou palestra sobre o futuro dos negócios

04/11/2019

Por Alexandre Pessoa

Arthur Igreja ministrou a palestra “Inovação Disruptiva e o Futuro dos Negócios” (Foto: Alexandre Pessoa)

Para inovar é necessário desenvolver a tecnologia em pouco tempo? Algumas vezes sim. No entanto, o ser humano é sempre fundamental para que o processo aconteça. Com o intuito de refletir sobre questões dessa natureza, Arthur Igreja, especialista em gestão empresarial, foi uma das principais atrações da 16ª edição do WinterShow, maior evento de cereais de inverno do Brasil.

Assim como toda a programação (14, 15 e 16 de outubro), no segundo dia do WinterShow2019, o público lotou o pavilhão central da FAPA– Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária, para apreciar a palestra “Inovação Disruptiva e o Futuro dos Negócios”.

Arthur é um dos A’s da plataforma AAA com Ricardo Amorim do Manhattan Connection e Allan Costa. Ele é palestrante em mais de 120 eventos por ano, com participações no Rock in Rio Academy e TEDx no Brasil, EUA, Europa e América do Sul. Além disso, possui experiência profissional e acadêmica em mais de 25 países.

“Muito horando em participar do WinterShow 2019 e também fico feliz porque tenho muitos amigos na região. Recebi esse convite para falar sobre tecnologia e inovação, tenho a tendência em falar bastante do futuro, mas ao mesmo tempo sobre o que realmente vamos usar na prática.  Em alguns momentos eu abordo grandes acontecimentos e, de certa forma, busco aclamar os que se assustam quando o tema é invocação”, esclareceu Igreja.

Com vasto carisma, o convidado abriu suas reflexões ao abordar as transformações ocorridas no mundo nas últimas décadas. A apresentação teve inicio com uma interessante comparação entre duas fotos, registradas no mesmo local e na mesma situação, mas com 13 de anos de diferença. Ambas fotografias compostas por cenários distintos, em um desfile na famosa Quinta Avenida (5th Avenue) em Nova York – EUA. Uma delas (ano de 1900) com a rua repleta de charretes e apenas um carro. Já a imagem mais recente (ano de 1913), demonstra a situação inversa, com o lugar tomado por carros e somente uma charrete.

“Nesse caso, podemos observar uma mudança que ocorreu em 13 anos, algo que maioria das pessoas considerava um absurdo, a inserção de carros naquela cidade nesse período de tempo. Mas nem sempre é assim, geralmente nós temos um salto no que diz respeito ao desenvolvimento, então as coisas tendem a se acomodar por alguns anos. Por isso não devemos nos assustar com as mudanças que a tecnologia traz, as inovações certas vêm no tempo certo”, explicou.

Durante a palestra, Arthur contextualizou uma série de exemplos de alterações no comportamento humano, entre situações antigas e atuais, como o caso do crescente uso de smartphones ao longo dos últimos anos. Outra situação destacada pelo palestrante é a velocidade com que as mudanças ocorrem na vida. O mundo está mudando rápido demais? “Posso garantir que não! Isso trata-se de um ponto de vista. Se uma pessoa afirma que as mudanças estão sendo muito rápidas, significa que ela não está compreendendo o que está sendo alterado com o tempo. Se nós buscarmos interagir e tentar entender sobre o que surge de novo, percebemos que a velocidade de transformação não acontece de forma acelerada, como muitas pessoas avaliam”, comentou.

O convidado abordou as transformações ocorridas no mundo nas últimas décadas (Foto: Alexandre Pessoa)

Agronegócio e inovação

Arthur Igreja também abordou a inovação voltada aos assuntos técnicos-científicos que envolvem o WinterShow, como o caso da produção de alimentos e bebidas. “A dificuldade maior para qualquer mercado é saber se ele terá elasticidade no futuro. Quando falamos do agronegócio no Brasil, não há dúvida de que ele deve continuar crescendo. Provavelmente teremos, com o auxilio da evolução genética, um grande salto no que diz respeito ao volume de produtividade. Já existem estudos de edição genética para apresentar, futuramente, resultados que quadruplicam os ciclos atuais de safras em determinadas culturas”, disse.

O palestrante também destacou a inovação voltada aos assuntos técnicos-científicos que envolvem o WinterShow, como o caso da produção de alimentos e bebidas (Foto: Alexandre Pessoa)

Resultados de pesquisas que envolvem edição genética em culturas do campo também estão entre os destaques do WinterShow. Em cinco estações da FAPA foram ministradas palestras simultâneas durante o evento. Neste ano, na estação cevada, além de demonstrar o manejo para altas produtividades, os pesquisadores apresentaram ao público uma nova cultivar, a Imperatriz. Durante quase uma década, o programa de melhoramento Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária trabalhou para o desenvolvimento da nova variedade de cevada.

Igreja pontuou outro desafio da para o futuro da atividade agrícola brasileira e citou a Holanda como um exemplo positivo. “Precisamos fazer que o agronegócio brasileiro tenha semelhança com alguns países europeus, na questão de valor agregado vendido por ano. A Holanda, por exemplo, possui uma extensão territorial menor do que o Estado de Sergipe e, mesmo assim, consegue superar o Brasil no valor do PIB agrícola. Eles [Holanda] produzem em forma de cadeia verticalizada, assim como as cooperativas brasileiras. No entanto, o Brasil pode agregar mais valor aos produtos, contar com mais tecnologia e exportar produtos de classe mundial em maior quantidade”, ressaltou.

Arthur Igreja encerrou seus apontamentos ao reforçar a importância do cooperativismo e evidenciou o quanto esse princípio é valioso no cenário inovador. “Atualmente, muitas pessoas falam sobre economia compartilhada e colaborativa, em usar o melhor recurso de cada um, em colaboração e união. O nome disso é cooperativismo, não existe nada mais moderno e elegante do que cooperar. Ou seja, realizar a união de esforços para atingir objetivos maiores. Grandes negócios sempre são feitos por pessoas, com pessoas e para pessoas. Não existem negócios feitos apenas entre máquinas”, finalizou.

Assim como os três dias de programação (14, 15 e 16 de outubro), no segundo dia do WinterShow 2019, o público lotou o pavilhão central da FAPA– Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (Foto: Alexandre Pessoa)

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