Palhagem proveniente do grão protege o solo e confere sustentabilidade ao plantio. Foto: Redação
09:24:54 16/10/2019
Redação
Segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) cerca de 50% de todo o trigo produzido no Brasil é colhido em terras paranaenses. No Distrito de Entre Rios, o cereal foi responsável pela origem da Cooperativa Agrária, que por muitos anos concentrou suas atividades comerciais em torno do grão. Neste contexto, o painel de abertura do WinterShow 2019 destacou a importância do plantio do cereal.
“Nós analisamos economicamente, ao longo das últimas 24 safras, os resultados da cultura do trigo. Onde há uma rotação de diferentes culturas, os custos fixos do produtor diminuem, e isso a longo prazo traz melhores resultados”, pontua Claudio Kapp, pesquisador da Fundação ABC.
A rotação de culturas é uma técnica sustentável que visa diminuir a exaustão do solo através da variação de espécies numa mesma área, para que as necessidades de adubação sejam diferentes a cada ciclo.
“Os agricultores em geral estão entrando muito na monocultura, principalmente a soja, porque a rentabilidade a curto prazo é grande. Porém as culturas de inverno produzem palha, o que protege o solo e recicla os nutrientes”, pontua Juliano Almeida, pesquisador da FAPA (Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária).
O estudo “Retorno econômico da rotação de culturas com cereais de inverno”, desenvolvido pelo pesquisador, analisou a prática da monocultura e porque é importante manter a rotação de culturas no plantio a longo prazo.
“A monocultura ela vai bem durante cinco ou seis anos e realmente proporciona uma rentabilidade muito boa. Mas após esse período, onde você faz a monocultura acaba aparecendo muito problema de doença, dos fungos que estão presentes ali no solo, e aí a produtividade começa a cair e onde se faz a rotação a rentabilidade começa a aumentar”, afirma Juliano.
Plante Trigo
De acordo com a Conab, são consumidos anualmente no Brasil cerca de 11 milhões de toneladas de trigo. Mais que o dobro de toda a produção brasileira, estimada em 5,4 milhões de toneladas para a safra 2018/2019. A solução, nesse caso, é importar o cereal da Argentina.
“Quando o agricultor deixa de plantar o trigo, e a gente começa a trazer esse trigo da Argentina, a gente está levando essa riqueza e essa mão de obra para lá e não para cá”, enfatiza Juliano.
Um levantamento realizado pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior) confirma que entre os anos de 1997 a 2017, cerca de 77% do trigo importado no Brasil veio do país vizinho. Pensando nessa questão, o primeiro dia do WinterShow 2019 também lançou a campanha Plante Trigo.
“A gente espera que o pessoal volte a plantar trigo como já plantavam antes. Uma proporção de 25%, ou uma proporção de 33%, já seria o suficiente para ele trazer esse equilíbrio agronômico e financeiro para a propriedade dele, pensando no longo prazo. Além de estar contribuindo para o aumento da produção do nosso próprio país”, finaliza o pesquisador.