OPINIÃO

A Globo passou dos limites: lésbicas na época do Império?!

Foto: Reprodução/Globo

01/02/2022 – 08:26:41

Luiz Felipe

Abri minha conta no Spotify e coloquei “Amor de Que” (Pablo Vittar) para tocar como “pano de fundo” da minha coluna. Eu sinto informar cidadãos de bem, mas esse texto não é para vocês, mas já dou um spoiler caso não queiram ficar até o fim: não foi a Globo ou a Dolce&Gabbana que “inventaram ser gay”.

Houve um momento em que ninguém era gay e era quando não existia o conceito, a ideia da homossexualidade. Na verdade, os primeiros registros do termo “homossexual” datam do século XIX e se hoje união civil entre pessoas do mesmo sexo parece uma coisa moderna e liberal, saiba que de nova a ideia não tem nada. Grupos no Pacífico Sul – há pelo menos 10 mil anos – já tinham em sua crença que o sagrado só poderia ser alcançado pelo coito entre duplas do mesmo sexo. Na Antiguidade, o famoso Código de Hamurabi dava permissão aos prostitutos e prostitutas para que se relacionassem com parceiros do mesmo sexo dentro dos templos da Mesopotâmia, assim como ocorreu na Fenícia, no Egito e na Índia.

Nas mais famosas civilizações da Antiguidade Ocidental – Grécia e Roma – era comum também que homens mais velhos se relacionassem sexualmente com meninos mais novos. Sócrates foi um grande adepto do amor homossexual, defendia que por meio se alcançava a inspiração, enquanto que o amor heterossexual – por sua vez – servia apenas para procriação. Sim, houve um tempo em que existiu heterofobia! (contém deboche). 

Mas o mais curioso é que para algumas pessoas que possuem restos de nutrientes galináceos na cabeça (titica de galinha), “ser gay” é uma invenção da TV Globo em parceria com a esquerda, pois basta o jovem adolescente assistir à novela e ouvir “Macho Man”, do Village People ou qualquer música da Lady Gaga. Na verdade, o segredo que vou revelar aqui é o seguinte: para ser gay é preciso cursar algum curso de humanas em alguma instituição de ensino superior pública em qualquer canto do país, especialmente os cursos de Arte ou da Comunicação Social. E vocês estavam certos: o kit gay existe, eu recebi um na escola junto com os livros didáticos do Fernando Haddad.

E já que estamos falando da emissora carioca, tema desta coluna, o beijo entre duas mulheres mostrado em cena da novela das dezoito horas, horário em que parte da família tradicional brasileira (mãe e filhos) sentam-se na sala para tomar chá e assistir tv, enquanto o pai sai do trabalho e vai para o puteiro, parece ter ferido a sensibilidade dos cidadãos de bem. Seja por um biscoito ou não, não é a primeira cena exibida em uma novela da emissora, outras já aconteceram – inclusive no chamado horário nobre, o das nove da noite, horário em que ocorre o jantar da família tradicional. No caso da novela Nos Tempos do Imperador, a Globo foi longe demais para muitas pessoas. Onde já se viu lésbicas no tempo do sagrado Império Brasileiro, sendo que todo mundo sabe que quem começou com essa história de ser gay foi o Fernando Haddad com o kit gay nas escolas de São Paulo? Não pode. Ministra Damares, corre aqui rapidão pra ver um negócio.

Longe de todo o deboche e a ironia que estiveram presentes neste texto até agora, o que mais me irrita é o fato de que ainda tenhamos que fazer um debate sobre este tema simplesmente porque ninguém consegue cuidar apenas da sua vida. Quando achei que já tinha perdido todos os argumentos, Dráuzio Varella veio e nos deu uma nova luz; parafraseando o próprio: o que muda na sua vida se seu amigo namora ou é casado com outro homem? Não muda absolutamente nada e se, isso te incomoda, parceiro, você está com sérios problemas de saúde mental.

Chega a ser aterrorizante o tanto que os cidadãos de bem usam tanto o nome de Jesus para justificar o injustificável. Na boa, tô esperando pelo dia que o próprio Cristo vai pular da cruz e vai descer o sarrafo no lombo desse bando de fariseus. Não é porque tá escrito na Bíblia que se torna uma verdade, nem todo mundo segue a doutrina de vocês, ninguém é obrigado a seguir um texto religioso que chegou até nós na base do telefone sem fio, onde cada um acrescentou um pouco além do que ouviu, na base da famosa fofoca. Deixem os gays, as lésbicas, as travestis, deixem todo mundo em paz. Sabe quando você se envolvia na conversa dos adultos e teus pais diziam “não se meta”? É a mesma coisa. Como diz um amigo, “fique na tua que você tá indo bem”.

 


por:

Luiz Felipe de Lima

• Historiador •

Formado pela Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro;

Professor de História e Sociologia;

Pesquisador.

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