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14/01/2022 – 10:25:07
Luiz Felipe
Em 1945, o filósofo austríaco naturalizado britânico – Karl Popper – fez essa pergunta, não de um modo simplista como este colunista coloca aqui para a breve análise dos amigos leitores, mas com estudos e teorias aprofundadas e perfeitamente embasadas. Todavia, a pergunta simplista deve bastar para o rumo em que estamos caminhando aqui. Essa pergunta faz parte do chamado “Paradoxo da Tolerância”, um dos três paradoxos discutidos por Popper em seu livro “A sociedade aberta e seus inimigos” (1945). De maneira hiper resumida, a ideia do paradoxo reside na questão de que a tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da mesma. Para ele, “o direito à proibição pode ser reivindicado quando tais ideias [intolerantes] deixam a racionalidade de lado e tentam se impor por meio dos punhos e pistolas”.
Outro paradoxo também trabalhado por Popper é o da liberdade, no qual o autor recorre a Platão para explicar sua tese, uma vez que para o filósofo grego, “o homem livre pode usar a sua liberdade absoluta para desafiar a lei, desafiar a própria liberdade e clamar por um tirano no poder. Da mesma forma, Popper analisou o paradoxo da democracia, no qual afirmou: “a democracia pode facilmente se transformar em uma tirania se os governantes receberem demasiada confiança para decidir por um grande número de pessoas”.
Do Direito Antigo (4.000 a.C) ao Direito Moderno (século XIX), a construção dos espaços sociais passou por diversas transformações, guerras e revoluções, atrocidades foram cometidas e liberdades foram violadas em nome de um propósito e está aí a história para nos lembrar de cada movimento feito que legitimou governos autoritários e totalitários, seja com o fascismo na Itália ou o Comunismo na União Soviética. O problema é que o quadro enfrentado hoje – até então – ainda que com um certo grau de idiotice, não estava afetando diretamente o convívio social, não colocava em risco a vida de terceiros, mas em determinado momento, a chamada de liberdade de expressão – garantido pela Constituição de 88, passou a ser defesa para se propagar discurso de ódio e é aí que mora o problema.
Embora tenha consequências, assim como tudo na vida, não vejo problemas (graves) quando alguém defende a teoria absurda e ignorante da Terra plana, acho até cômico – ainda que tenha lá seu grau de preocupação – mas não dou importância; pois, por enquanto, a Terra plana não tem matado ninguém e os “planilsons” (termo cunhado por Lito Sousa, do canal Aviões e Músicas) são até engraçados. Entretanto, com os planilsons é que surgem os antivacinas, os negacionistas e esses sim podem matar pessoas, pode trazer risco à saúde pública coletiva, pois é o povo responsável por combater vacina, que fez doenças como a varíola serem erradicadas e essas pessoas devem responder criminalmente por isso, movimento antivacina é uma asneira sem tamanho ou dimensão, é um movimento criminoso, homicida e que não deve ser tolerado em um Estado que tem como obrigação a proteção e bem-estar dos seus cidadãos. Não há problema em ser patético e achar que a Terra é plana, mas tem problema e é grave ser antivacina, boicotar a ciência.
A mesma fórmula pode ser aplicada aos defensores do sucumbir do Estado, do fechamento do Congresso Nacional, da expulsão dos juízes da Suprema Corte e seu fechamento. Já dizia Winston Churchill: “a democracia é o pior dos regimes, com exceção de todos os outros tentados de tempos em tempos”. E essa democracia precisa se fortalecer e não pode dar espaço para que a cadela do fascismo (como dizia Brecht) esteja sempre no cio por aí. Não pode haver diálogo com nazi-fascista, é cadeia para esse tipo de gente, não existe essa de “conscientizar” nazista ou torná-lo gente, pois aquele que se julga superior ao outro por sua ascendência, cor de pele e outros atributos, não merece o rótulo de “gente”, de ser humano. Na Alemanha há um ditado que diz “se há dez pessoas numa mesa, um nazista chega e se senta, e nenhuma pessoa se levanta, então existem 11 nazistas numa mesa”. Não se pode tolerar o intolerável.
E assim como os nazistas, essa gente também vai à igreja, dobra o joelho e diz “Cristo, tende piedade de nós”. Jesus não andava com a galera do templo, andava com a prostituta, com o leproso, andava com quem era marginalizado e literalmente apedrejado. Tenho para mim que, se Jesus voltasse hoje, seria crucificado por quem o adora nos domingos de manhã junto do “Pastor João e a igreja invisível” já dizia Raul. Em dois mil anos a única coisa que evoluiu foram os pregos, pois não existia a Gerdau na época de Jesus.
• Historiador •
Formado pela Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro;
Professor de História e Sociologia;
Pesquisador.
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