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10/12/2021 – 07:17:19
Luiz Felipe
Rapaz! Que ano foi esse?! 2021 tem nos revelado um verdadeiro circo no que diz respeito à política nacional, como sempre era de se esperar; todavia, as coisas vem acontecendo de tal maneira, que fica difícil até para os roteiristas de House of Cards (série de sucesso da Netflix) competir com a realidade do nosso Brasil. Aqui – embora nos falte Frank e Claire Underwood – o que nós temos de sobra é a criatividade e o nível de ganância pelo poder, a ponto de que os caras vendem até a própria mãe por uma aliança de sucesso e para garantir a chamada governabilidade. Mas comecemos do jeito certo, sem passar a carroça na frente dos bois. O cenário para 2022 terá ao menos 12 candidatos a ocupar o Planalto, entre eles o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além deles, os possíveis candidatos são Sérgio Moro, Ciro Gomes, Marina Silva, Daciolo, Simone Tebet, João Dória entre outros interessados no pleito e de partidos menores; interessados – pois as convenções vão de julho a agosto do ano que vem.
Desde que a candidatura de Lula tornou-se algo possível com a libertação do petista e suas consecutivas absolvições nos processos em que respondia, alguns nomes conhecidos começaram a disparar a chamada “terceira via”, que nada mais é do que uma conversa fiada para tirar o seu da reta e dizer que é diferente de Lula e Bolsonaro. É inegável que, de fato, o país possui uma clara divisão ideológica em virtude das representatividades de Bolsonaro e Lula; porém, a terceira via a qual Ciro Gomes, Sérgio Moro ou Simone Tebet podem constar como protagonistas dificilmente terá votos para garantir presença no segundo turno ou apoiar um dos principais candidatos ao pleito. Há, ainda, que se analisar o nome de João Dória, que de bolsonarista arrependido passou a ferrenho crítico do presidente e de seus atos – ou falta deles – para combater a pandemia de covid-19.
Mas se você acha que não pode piorar, saiba que sempre pode. Na última semana, rolou mais um encontro entre o líder petista e o quase escorraçado tucano, Geraldo Alckmin. De acordo com assessores de ambos os políticos, o encontro foi para conversar sobre uma possível aliança, à qual Alckmin ainda não acenou se concorda ou não. Nesta quinta (09), o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força, disse que o partido está de braços abertos para receber o ex-governador de São Paulo e que ele pode ser o vice de Lula em 2022.
E se de um lado há quem veja Sérgio Moro como o herói do país por ter agido de forma parcial e gananciosa ao usar o instrumento do direito, da Justiça para eleger seu presidente, o próprio tornou-se um verdadeiro enigma. Para quem disse que nunca entraria na política, ele foi muito rápido de juiz a ministro e de bolsonarista expulso e arrependido a candidato a 2022; de outro lado, o problema é que o PSDB – e taí um partido que é competente em errar – viu uma oportunidade de se levantar com uma chapa forte e um encontro ocorreu entre João Dória e Sérgio Moro, este que na visão do presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, seria um ótimo vice-presidente. O tiro saiu pela culatra, foi pior do que se imaginava, pois Sérgio Moro – que no levantamento do Paraná Pesquisas tem 10% das intenções de voto – deixa Dória no chinelo – que na mesma pesquisa aparece com 3% de intenções de voto. Araújo tentou elogiar, mas errou a isca e o alvo; pois neste cenário, a arrogância e a presunção de grandeza de Moro não lhe permitem concorrer de outra forma que não seja para o cargo principal. Quando Sérgio Moro saiu do governo bolsonaro pela porta dos fundos, tornou-se uma presa fácil e de interesse para os partidos de direita que estavam caçando. O Podemos – que no Paraná é presidido por César Filho – mirou e convenceu Moro.
E se sobra cara de pau nas alianças entre PT, PSDB, PSB, PODEMOS e outros, também parece faltar bom senso e memória aos emedebistas nacionais, especialmente à Senadora Simone Tebet, pré-candidata do MDB à Presidência da República. Ontem (9) a senadora soltou um “o MDB não esquece o que o PT fez no verão passado”. Se Tebet foi brilhante ao colocar os bolsonaristas no bolso durante a CPI da Covid, faltou memória à excelentíssima senadora por Mato Grosso do Sul. O MDB sempre esteve aliado aos governos petistas e também ao governo bolsonaro, seja na Câmara ou no Senado; quando o ramo envolvido era o Executivo, o MDB foi até parar dentro do Palácio do Planalto por uma invenção de Michel Temer como vice-presidente de Dilma, uma articulação de Lula, diga-se de passagem. Mas o que parece faltar à senadora Simone Tebet, além de memória e bom senso, é também uma leitura do quanto o MDB não é mais o mesmo partido que era há 10 anos, não é mais o maior partido do Brasil, perdeu cadeiras no congresso, perdeu prefeituras, perdeu governos estaduais. Pode ser que eu queime a língua, mas um êxito para o MDB, é somente se juntando ao PDT de Ciro, que recentemente provou que está mais louco do que nunca e aí é provável que tenhamos uma repetição da chapa PDT-MDB e Tebet ocupando o lugar de Kátia Motosserra Abreu, a senadora que roubava pastas (ver o episódio da eleição da presidência do Senado).
E por falar em mania de grandeza, falta de bom senso e de memória, ainda há Ciro Gomes nesta disputa, que pensa que pode deixar Lula, Bolsonaro, Dória e Moro para trás na corrida presidencial. O PDT de Lupi e Ciro infelizmente também não é mais o mesmo do grande Brizola, que agora deve estar dando piruetas no túmulo ao saber que seus pedetistas se aliaram aos filhotes da ditadura, como o próprio dizia – principalmente no Paraná. Mas se tem algo que agora incomoda Ciro Gomes e o próprio Carlos Lupi, que nesta semana convidou os pedetistas descontentes com Ciro a deixarem a sigla, é a entrada de Sérgio Moro na disputa. Isso ocorre, porque na visão de alguns aliados, a entrada do ex-parcial-juiz na disputa, é um chamariz de votos da tal terceira via, da qual Ciro se coloca como o único e legítimo representante. Aliás, os próprios aliados de Ciro já deram um prazo para decolar ou todos vão apoiar Lula, que no Nordeste sempre sai vitorioso desde sua primeira campanha presidencial.
Mas e Bolsonaro? Bem, se para os demais que correm no parquinho para colocar fogo em tudo está difícil, para o atual presidente a corrida também não será das mais fáceis. Sem candidato a vice-presidente para 2022, o presidente da República já sinalizou que quem irá escolher o candidato será ele e não o partido. Não é de hoje que as relações entre Bolsonaro e Hamilton Mourão estão desgastadas, o próprio presidente declarou há alguns dias que “tem vice que só atrapalha”, em uma clara referência aos atos de seu vice, que publicamente desmonta as declarações do presidente Jair Bolsonaro. Jogado para escanteio, o vice-presidente Mourão se aproxima de Sérgio Moro e até já recebeu uma oferta do União Brasil, partido oriundo da fusão entre DEM e o PSL, para ser candidato ao Senado pelo Rio de Janeiro em uma das 27 vagas disponíveis para o pleito de 2022.
O fato é que para sobreviver a 2022 e aos próximos quatro ano seguintes ou preservar o pouco de sanidade mental que ainda nos resta, teremos de aguardar até 15 de agosto – prazo em que as candidaturas devem ser registradas no Tribunal Superior Eleitoral. Com um fundo eleitoral robusto e mudanças na legislação, como a volta da propaganda partidária – se aprovada, será outra eleição que será decidida quase no braço, com discursos voltados para a sobrevivência e promessas que não serão cumpridas sobre a pandemia, o alto desemprego e a economia que despenca um pouco todo dia. Meu único receio é que apareça outra facada. Quem viver, verá!
• Historiador •
Formado pela Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro;
Professor de História e Sociologia;
Pesquisador.
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