OPINIÃO

O Silêncio dos Culpados

Foto: Pixabay

11/03/2022 – 07:25:58

Luiz Felipe

O título desta coluna, embora lembre, não tem nada a ver diretamente com o clássico da literatura e do cinema “O Silêncio dos Inocentes”, que foi transformado em filme em 1991, mas é uma forma de falar do silêncio ensurdecedor daqueles que levaram o país ao caos a partir do impeachment de Dilma Rousseff.

O mais curioso é que os papagaios de pirata que gostam de repetir “mas e o PT?” não conseguiram apontar absolutamente nada que faça a nação crer que Dilma Rousseff cometeu algum crime, como não puderam ataca-la com falsas acusações, atacaram-na como mulher, como se fosse uma amadora ou aprendiz no cargo. Dilma perdeu seu mandato porque não se dobrou diante das chantagens de Eduardo Cunha, não se vendeu para o Congresso e não quis suborna-los, não interferiu quando a Polícia Federal investigou servidores de seu governo envolvidos com corrupção até o pescoço, respeitou a autonomia da PF, respeitou a Justiça e a Lei, por isso foi cassada. Pedalada fiscal sempre foi feita, mas nunca derrubou ninguém até chegar em Dilma. Fernando Henrique era o líder delas. Aqui em Guarapuava tivemos um moço que editou 25 decretos suplementares sem autorização da Câmara e nem sequer foi questionado por isso, mas ele apoiou o impeachment e hoje está associado com o ex governador Beto Richa, preso três vezes por corrupção, diga-se de passagem.

Mas falando do silêncio dos culpados, só posso dizer o quão patética essa gente é. Fizeram dancinhas ridículas, juntaram uns palhaços da classe artística, fizeram o país pegar fogo. Tudo parte de um grande acordo com o supremo, com tudo (Romero Jucá). O mais engraçado é que naquela época – mesmo com a dança dos preços do petróleo – nós tínhamos uma política justa no preço dos combustíveis e do gás de cozinha, porque a política de preços instalada pelo governo Dilma era a de produzir e vender dentro do Real (R$) e não em Dólar, como fez Michel Temer, iniciando o processo de entregar tudo aos países estrangeiros, política na qual Jair Bolsonaro (PL) deu prosseguimento. A ironia? O cara é um patriota que entrega tudo o que o país tem de bom para outros países. Trocou a dignidade brasileira liberando a entrada de estadunidenses por um boné do Trump e esperando entrar na OCDE. Não deu muito certo.

E lá em maio de 2018, os nossos amigos caminhoneiros, que desenvolvem uma importantíssima atividade comercial sem a qual não teríamos acesso aos produtos que usamos e consumimos no dia a dia, foram usados e desencadearam uma greve que durou dez dias, até que o governo Temer resolveu acionar o exército e os caminhoneiros saíram com uma mão na frente e outra atrás. Agora, o preço do diesel está bem pior do que naquela época, a gasolina nem se fala e o gás de cozinha já é item raro na vida do brasileiro. E o que mais me choca é o silêncio ensurdecedor não só dessa categoria de trabalhadores, mas de toda uma população foi bater panela contra Dilma porque a gasolina estava quase três reais o litro e o dólar estava passando de R$ 3,25. No governo Bolsonaro, o dólar hoje está a R$ 5,05, quando chegou a quase seis reais.

E a pergunta que não quer calar: onde estão os paneleiros? Tiveram que vender as Tramontinas para abastecer o carro? Talvez sim, principalmente com a autorização do aumento de 25% no preço dos combustíveis pelo presidente da República. E alguns vão se arriscar a dizer: “a culpa é da guerra na Ucrânia que elevou o preço do petróleo”. Antes fosse, a culpa é da política de preço da Petrobrás.

Se tem coisa mais asquerosa que a indignação seletiva, acredito que não foi inventada ainda. No fim, era um bando de idiotas vestidos de verde e amarelo, envergonhando a bandeira nacional, se dizendo patriotas, mas que dançavam na frente de uma loja que vende produtos importados da China, que tem a fachada da Casa Branca e com uma estátua da Liberdade fajuta. Esse é o patriotismo de vocês e é patético.


por:

Luiz Felipe de Lima

• Historiador •

Formado pela Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro;

Professor de História e Sociologia;

Pesquisador.

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