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Que venha o segundo turno

Foto: Ricardo Stuckert

03/10/2022 – 16:33:10

Alexsander Menezes

Passadas as primeiras horas da finalização dos resultados de um primeiro turno eleitoral, e “recarregadas as baterias” é chegada a hora daquele rápido balanço para estabelecer um ponto de partida, para a luta a ser travada em 30/10.

Que fique claro desde já que contrário do que pensam militantes mais afoitos de ambos os lados, os pratos desta balança estão equilibrados: Se um lado ganhou fôlego extra de mais 27 dias de campanha – seu objetivo maior até ontem – outro tem expressivas vitórias para celebrar.

Em meio à persistente onda conservadora, a Federação Brasil da Esperança (PT, PV, e PCdoB) possibilitou um crescimento de 48,15% no número de parlamentares do PT que passaram de 54 para 80 deputados federais.

Ao mesmo tempo, o PSOL elegeu a maior bancada da sua história, com 14 deputados federais, um time de respeito capitaneado por Guilherme Boulos (SP), eleito com mais de 1 milhão de votos.

Em um congresso de roupagem conservadora, a tendência é que as forças progressistas e moderadas se aglutinem, com isso é factível que nessa frente somem-se 14 deputados eleitos pelo PSB e boa parte dos 42 eleitos pelo MDB de Simone Tebet, cujo apoio à candidatura de Lula no segundo Turno é dado como certo.

No Senado, a bancada do PT, já reforçada como a filiação do Senador Fabiano Contarato, dobrou em relação ao número de eleitos em 2018 e não estará de todo isolada, afinal, uma das características da casa é um perfil mais reflexivo e menos sujeito aos arroubos antidemocráticos.

Nos estados, a esquerda conseguiu vitórias simbólicas, inclusive naqueles identificados como conservadores, como o Paraná, palco da grotesca cassação do vereador de Curitiba Renato Freitas (PT) sob o pretexto de quebra de decoro após uma manifestação antirracista.

Renato foi eleito com mais de 50 mil votos para a Assembleia do estado, ao lado de sua suplente, Ana Júlia Ribeiro (PT) – a mais jovem Deputada da História e Carol Dartora (PT), também vereadora, negra, militante a primeira mulher negra eleita deputada federal pelo estado.

No DF, os três deputados mais votados são de esquerda: Chico Vigilante (PT), Max Maciel e Fábio Félix do PSOL- deputado mais votado na história da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Mesmo em São Paulo cujos resultados das corridas presidenciais e estadual causaram apreensão, alguns dos “grandes expoentes da direita” como Joice Hasselman, Janaína Pascoal, Fernando Holiday, Sérgio Camargo, Douglas Garcia, Nise Yamaguchi, Eduardo Cunha e Cristiana Brasil não foram eleitos.

Nesse muro de lamentações, terão como companhia nomes de peso como Fabricio Queiroz no RJ, Eduardo Torres (PL) irmão de Michele Bolsonaro, e sua ex-mulher, Cristina Bolsonaro (PL), derrotados no DF, uma prova de que são poucas as flores que crescem nos pântanos do obscurantismo.

Lula sai das urnas com 6,2 milhões de votos a mais que Bolsonaro, uma grande vitória pouco comemorada pelo fato o excesso de otimismo subestimou a capacidade de mobilização e manipulação das hordas bolsonaristas, nada que não possa ser corrigido nos próximos 27 dias.

Para isso, é necessário romper a bolha que turvou a visão de boa parte da esquerda, entender definitivamente que nossa sociedade é sensível às pautas de costumes, e acima de tudo, entender que está em jogo não é apenas a democracia, mas a vida e o futuro de milhões de brasileiros.

Foto: Divulgação/Assessoria

Administrador pela Universidade Católica de Brasília e especialista em Gestão de Pessoas e Liderança pela Universidade Cândido Mendes do RJ. Empregado dos Correios há 20 anos, atualmente é membro da Comissão de Relações Internacionais da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios.