09/12/2022 – 09:52:17
João Nieckars
No brasão da cidade diz 9.9.1770, dia em que os enviados da Coroa Portuguesa avistaram os campos de Guarapuava. Partindo daí, a nossa velha pérola d´oeste tem 252 anos.
Quarenta anos depois, em 1810, chagou a Real Expedição Colonizadora – esse foi o ano em que o conquistador firmou morada por essas bandas, a 212 anos, e ergueu o Fortim Atalaia – a primeira casa guarapuavana.
Mais tarde, em 9.12.1819, mandou Dom João VI do Reino Unido de Portugal e aqui foi instalada a Freguesia de Nossa Senhora de Belém e é desta data que hoje comemoramos os 203 anos de cidade – não da chegada dos primeiros colonizadores, não da primeira construção, mas de quando em vila a fortaleza se transformou.
Se 252, 212 ou 203, pouco importa, de qualquer maneira é velha e amada a nossa Guarapuava. Erguida sobre o verde dos campos gerais que virou o cinza da cidade, sobre lombo dos cavalos dos tropeiros e sobre o altar de Nossa Senhora de Belém.
Aqui a gente se acostumou com o chimarrão, não de gaúcho, mas de índio. Índios que, de outrora, donos desse chão, pelos anos e por nós, foram transformados em pedinchas – a tristeza branca da colonização sem humanização.
Aqui a gente se acostumou com o vento e com o frio. Ruim? Não, “loco de bão”! Desse lado de cá da Serra da Esperança, onde Guarapuava é a cidade mais linda do mundo, a gente vai vivendinho, andandinho, trabalhandinho e olhandinho os anos passar.
Aqui a gente nasce, cresce, amadurece ou não! Pode só chegar, não importa. A cidade te abraça, te aperta e acolhe sem importar muito “dos qualé que você é” – não mais! Ufa! Tempo atrás sobrenome dizia algo. Hoje em dia, só dá nome a rua e rua não tem cara.
Aqui é de português, de italiano, de polaco e ucraniano. De japonês e de coreano. Aqui é de índio, ah se é, mas é também de árabe, de africano e de suábio que um dia foi apátrida e que agora é parte da nossa pátria.
Muitos aqui já estavam antes de tudo começar, outros escolheram livremente para cá vir e outros tantos foram caçados, como bicho fossem, acorrentados, jogados no porão de barcos e aqui despejados para sofrer. Na história não há perdão. No futuro pode haver redenção.
Sim, aqui é terra de toda gente, de povo forte e trabalhador. De povo sofrido e judiado que as vezes é esquecido e outras vezes esquece quem é. No passado esta terra recebeu imigrantes vindos de todos os lados, gente que aqui chegou sem dinheiro e sem-terra, mas com esperança e vontade. No presente esta mesma terra sussurra na nossa memória: quem hoje é forte, cuide de quem não é, pois num passado não tão distante, os fortes de hoje aqui vieram, quebrados por dentro e por fora, pedindo ajuda e a encontraram.
Ajuda e beleza essa terra dá! E que belezas! Disse e disse muito bem um poeta que “há o sangue de muitos lutadores misturados a estes campos. Há trabalho, há vida. O pôr do sol aqui é perfeito [Ah, esse pôr do sol guarapuavano! Não há no mundo nada igual!] e oferece o espaço e todas as condições para os sonhos. As manhãs, principalmente as geladas, instigam à garra” (Jossan Karsten).
Quem olha para campos em volta da cidade, sem demora, percebe a própria pequenez diante enormidade de chão que a rodeia. E mesmo com essa imensidão de terra, ninguém se sente sozinho! Porque daí vem alguém e te aperta a mão, daí te dá bom dia, daí você descobre que conhece outro alguém que esse alguém também conhece, daí te já marcam um churrasco e quando veem, já são amigos!
Que inveja causa o guarapuavano, o que é e o que se torna, porque, acredite, Guarapuava pode até ter, lá de vez em quando, alguma coisinha ruim, mas está tão cheia de coisas boas que nem sobra tempo de olhar praquela.
“Co ivi oguereco yara!” Esta terra tem dono! E por aqui todos são um pouco dono, um pouco pai, um pouco irmão e, de todo coração, filhos dessa cidade – e o que faz um bom bacuri? Ama sua mãe, cuida, atende, protege, festeja!
Pra você, nós dizemos: Parabéns, velha, amada, linda Guarapuava! Parabéns!
#AmeGuarapuava