Com licença especial revogada, professores do Estado voltam à “sala de aula”

Desde segunda-feira (06) mais de um milhão de estudantes no Paraná acompanham aulas por canais abertos de TV e pela internet; APP Sindicato afirma que o improviso não garante a educação universal

Foto: Unsplash

08/04/2020 – 18:52:00

Redação com informações da AEN

No início desta semana, o governador Ratinho Junior (PSD) assinou um decreto (4.435/2020) revogando a licença especial dos professores da rede estadual de ensino.

O Secretário de Estado da Educação e do Esporte, Renato Feder, explicou que os professores vão atuar no modelo de EaD (Educação a Distância) que começou a funcionar nesta segunda-feira (06) para mais de 1 milhão de alunos da rede estadual.

Segundo o secretário, a SEED entende que a presença dos professores nas salas virtuais é a garantia da qualidade do ensino que será ofertado aos estudantes no período do isolamento para evitar a circulação da Covid-19.

Entretanto, existem dúvidas sobre a qualidade e difusão das aulas. “Certamente esse improviso de aulas à distância em tempos de pandemia, não garante nenhuma qualidade da Educação. Nem todas as famílias têm cômodos adequados em suas casas onde as crianças possam ficar assistindo aulas, na tv ou mesmo em celulares. Nem todos os familiares terão condições de acompanhar e orientar os estudantes, muitos ainda crianças. Isso fere o princípio da universalidade da Educação, que é garantido como direito de todos. Como será a reposição para quem não tem acesso às tecnologias?”, questionou a vereadora Professora Terezinha (PT).

O mesmo pensamento é compartilhado pela APP Sindicato, que apresentou denúncia ao MPPR (Ministério Público do Paraná) contra a medida instituída pelo governo. Segundo nota publicada pela Associação, “os(as) mais pobres é que tendem a ter mais dificuldades de acesso e estarão submetidos ao processo de exclusão”.

O documento também aponta a complexidade que envolve o processo de aprendizagem, uma vez que a metodologia “precisa ser mediada e acompanhada por alguém preparado para isso. [Pois] é um processo sistemático e constante. [E] quanto menor a idade, menor são as condições de autonomia da criança e maior é a necessidade de mediação”.

A vereadora Professora Terezinha chama a atenção para o fato de que a EaD é um campo particular da educação e seus profissionais necessitam de formações específicas.

“A maioria dos professores não tem nenhuma formação para a EaD. Então, será no improviso, do treinamento que o Secretario de Educação quer impor neste momento. O que, certamente não é, por óbvio nem EaD. Mas um improviso para jogar dinheiro Público no ralo, num momento que deveria estar sendo investido na área da Saúde, no combate a pandemia”, finalizou.

Entre as propostas para recuperar o tempo perdido, a APP Sindicato propõe a união do calendário letivo de 2020 e 2021, caso necessário, e a realização de aprendizagens na sala de aula – e fora dela – com atividades extraclasse, entre outras, para validar as 800 horas.

Confira na íntegra a nota de posicionamento da APP Sindicato

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Arte: Jonathan Bemol/@jonathan.bemol
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