Entenda as etapas do exame que identifica o coronavírus

Os exames são liberados em torno de 72 horas contadas a partir da chegada da amostra no Lacen; Atrasos são um reflexo da grande demanda em todo o Estado

Foto: Divulgação/Sesa

30/03/2020 – 16:34:00

Redação com informações da Sesa

Guarapuava chegou a marca de 54 casos suspeitos de coronavírus neste domingo (29). Nos últimos 10 dias foram registrados 78 casos. Enquanto 22 foram descartados, um foi confirmado.

O Lacen-PR (Laboratório Central do Estado) é o responsável por realizar os testes do coronavírus no Paraná. Ou seja, todas as amostras suspeitas coletadas nos municípios são enviadas ao laboratório para serem testadas.

Atualmente, o Paraná conta com 152 casos confirmados de coronavírus no estado. Os dados são do último boletim oficial publicado pela Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) e afirma que mais de 2 mil casos suspeitos foram descartados e outros 696 estão em investigação.

Para fazer o exame as amostras passam por várias etapas desde que chegam no Lacen. A partir da entrada no laboratório, o resultado referente à Covid-19 sai em até 72 horas.

Triagem

Nesta etapa acontecem as conferências de dados da amostra, verificação do cadastro do paciente no sistema que gerencia a atividade laboratorial e se o material está adequado para exame. “É um trabalho minucioso e que exige muita concentração. As pessoas que atuam aqui são cruciais para todo o trajeto correto da amostra. É necessário foco para não perder qualquer detalhe porque isso reflete em todo o fluxo pelo qual a amostra vai passar”, explica a diretora técnica do Lacen, Irina Riediger.

Após a verificação, as amostras são acondicionadas em recipientes adequados para circularem no ambiente laboratorial e etiquetadas com códigos internos do Lacen.

A segunda etapa é a entrada das amostras no laboratório especificamente: a extração do RNA. É o processo que seleciona o material que será examinado. São necessários diferentes procedimentos que envolvem colocação de reagente e agitação em cada amostra para que ela esteja preparada para a extração do RNA e colocada em uma bandeja de poços (com furinhos) uma quantidade mínima de amostra para o exame.

“A extração de RNA é separar o que precisamos de cada amostra para fazer os testes. Nós aqui temos máquinas que fazem isso com uma velocidade muito grande, mas em outros laboratórios é feito manualmente, o que resulta em muito tempo dedicado somente nessa etapa”, explica a diretora técnica.

Entre as 27 unidades federadas do País, apenas Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro (Fiocruz), Distrito Federal, Minas Gerais (Funed), Espírito Santo e Santa Catarina possuem esse tipo de equipamento.

“Podemos dizer que um técnico bem treinado levaria uma hora e 15 minutos para fazer a extração de 24 amostras. Aqui no Lacen nós fazemos a extração de 96 amostras em aproximadamente 2 horas e 30 minutos” explica Irina. “Mas além da agilidade, a segurança no que se refere à quantidade necessária de material para que a amostra esteja preparada para o exame é o que mais nos importa”.

A realização efetiva do exame ocorre na terceira etapa do processo dentro do Lacen – é a leitura do genoma da célula do vírus, chamado exame PCR em tempo real. Mas antes é preciso preparar o reagente para que as máquinas consigam fazer a ‘leitura’ no material.

O RNA extraído segue para outro equipamento que mistura uma quantidade muito pequena de amostra e o reagente específico para o vírus a ser testado. Na sequência, a bandeja com o preparo é colocada no equipamento que identifica, numa leitura bastante rápida, o que se apresenta naquela amostra por meio da análise pela biologia molecular, que está em líquido. A máquina, chamada termociclador, funciona com alteração de temperatura.

Todos os resultados são exibidos em um painel via sistema de informação. São gráficos com linhas em diferentes cores que indicam em quais amostras foram encontrados vírus, ou ‘cepas’ de vírus.

Os bioquímicos então avaliam resultado por resultado e validam via sistema. Só assim os laudos são assinados eletronicamente e liberados via Sistema Gal, e a informação é consultada pela unidade que solicitou o exame.

O secretário estadual da Saúde Beto Preto diz que o Lacen é fundamental para a todo o Estado. Ele destaca que a automatização de todo o processo reflete em ganho de tempo e segurança. “Por isso, trabalhamos com maior confiança nos resultados do Lacen. Temos equipamentos de ponta, gente trabalhando com o conhecimento atualizadíssimo e a boa vontade para fazer o seu melhor no trabalho. Entendemos que estamos trabalhando com vidas, com pessoas, não somente com vidros, dados e números.”

Pesquisa de vírus respiratórios

No caso de suspeita da Covid-19, cada uma das amostras é submetida a vários testes. Até 21 de março eram feitos testes de 20 vírus. Se o resultado fosse negativo para todos, na sequência era executado o exame para o novo coronavírus. Para otimizar o processo foi decidido restringir a quantidade de vírus na pesquisa, considerando os que estão em circulação no Paraná. Por isso, a partir desta quarta-feira (25), a pesquisa envolve os seis vírus que mais circulam, comparando dados e informações de anos anteriores, mais o teste para a identificação do novo coronavírus.

Laboratórios habilitados

A Secretaria de Estado da Saúde já cadastrou quatro laboratórios privados para colaborar com o Lacen na validação dos testes de pessoas suspeitas de contrair o novo coronavírus (Covid-19): Genoprimer e Unimed, em Curitiba (PR); Sabin, em Brasília (DF); e Dasa, em São Paulo (SP).

Para obter a melhor amostra possível e chegar a resultados mais apurados, o Lacen fornece material para coleta aos outros laboratórios, de modo a padronizar os serviços.

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